RE-TOMANDO ROTAS.
Num passado, nem tão distante, meus pais resolveram cercar os limites da chácara com mudas de pinheiros.
Recordo-me das pequenas embalagens que eles vinham envoltos, assim como bebês que saem da maternidade, todos de mesmo tamanho, sendo plantados ao redor do terreno.
O tempo passou e eu acompanhava o crescimento deles a cada nova viagem, em finais de semana ou feriados.
Alguns se tornaram esguios e altos, outros baixos e “gorduchos”, outros ainda um meio termo, ativando um equilíbrio simétrico em suas proporções.
Finalmente a cerca viva estava visível, mas a lição daquele processo de crescimento foi o que de mais surpreendente se fixou; uma fileira retilínea da mesma espécie, diferentes entre si e cumprindo uma mesma função naquela marcha de reta quebrada nas arestas, por ângulos retos.
Recordo-me disso para vivificar no tempo do hoje, que em tudo a natureza nos ensina, porque a diversidade é um mar de possibilidades dentro de uma mesma espécie, assim como é em nós humanos.
Intriga-me o questionamento do por quê queremos nos encaixar num molde que não é nosso tamanho, só pela ilusão de sermos aceitos, admirados e ativos participantes da tribo em evidência?
Pode haver algo mais confortável do que ser seu próprio tamanho? Cor? Textura? Sabor? Perfume?
Enquanto os pinheiros se abraçam, em tantas variedades lá na cerca viva, tantas outras pessoas se DESABRAÇAM para entrarem nos seus pseudo-moldes humanos.
É algo de se pensar e muito, pois enquanto estamos perdendo o tempo em nos encaixar nos moldes e também adequar os outros aos moldes, que os supomos tenham que ser, estamos deixando de cumprir nossa real função, que é de viver com plenitude o desfrutar da vida, seja para sermos cercas, estradas, lares, profissionais, poetas ou quem sabe uma estrela para guiar caminhantes!!!
Pense nisso antes de exigir e se exigir.
Observe, recolha as experiências, sorva em seu ser os ritmos da natureza, não se perca de você mesmo, enquanto há tempo.
MARCIA CAMBA
PAX E LUX
22:45hrs ouvindo o meu sentir