Seja bem-vindo. Hoje é

MADAME KAMBA-TARÓLOGA

MADAME KAMBA-TARÓLOGA

7/18/2010

SOBRE O BEIJO.


SOBRE O BEIJO.

Uma conversa sobre questões de pele, me fez recordar a vózinha Margarida, muito querida. Não era minha avó, mas nem por isso deixava de considerá-la parenta próxima.

Sempre tive interesse em conversar com pessoas idosas, porque nelas se encontra uma bela fonte de conhecimentos transbordantes.

Ela já não está mais aqui no planeta, mas no alto de seus 94 anos, me confidenciava a tristeza de ver sua carne já tão depauperada pelo tempo, as rugas, as “pelancas” e a pouca destreza dos movimentos.

O mais interessante nas nossas conversas, é que de dentro dela sempre surgia a jovem Margarida, aquela moça que morava na Itália e adorava o princípio da primavera, quando as mulheres iam a beira do rio lavar as roupas acumuladas durante o forte inverno europeu.

Ela me contava com tanta alegria essas cenas, que eu conseguia pintar o quadro na minha mente, daquela paisagem alegre e de promessas coloridas.

Margarida dentro de seus 94 anos corpóreos, era uma moça trancada num corpo que já não reagia mais aos seus impulsos e desejos mentais.

A juventude estava na mente, mas o corpo não mais correspondia a sua vivacidade mental.

Ela teve 14 filhos, foi amada por seu marido, que morreu estupidamente caindo dentro de um poço, enquanto o atravessava por sobre uma madeira que se partiu.

Margarida desistiu de viver e ficou por 3 dias e 3 noites com o olhar fixo numa parede, sem comer, nem beber e sem querer falar com ninguém, nem comigo que a fui visitar nesses 3 dias tão longos.

Lembrei-me dela nessa conversa sobre a pele, sobre o sexo, a atração e beijo.

Quando me recordo de seu corpo tão franzino, consigo dimensionar a efemeridade de todas as delícias da carne, da transitoriedade de todos os eventos ligados aos prazeres.

Foi então que se fez um paralelo entre o que é um contato da carne e o que é um contato de alma.

Eu posso beijar com a alma e me orgulho disso, porque sei que um beijo de alma não vai morrer, já um beijo da carne certamente vai.

Seria essa a diferença de um beijo e outro beijo?

Por esses dias atendi uma moça de 18 anos grávida, que não sabia onde encontrar o pai do filho que trazia no ventre, porque o viu numa noite apenas, numa balada e resolveram “ficar”.

O que seria então um bom beijo?

O beijo do marido de Margarida foi bom demais, foi um beijo de alma, porque ela viveu mais de 40 anos de viuvez com sua alma beijada e não quis mais outros beijos.

Já que eu tenho livre escolha, escolho beijar com a alma e fazendo assim sei que não estarei desperdiçando a dádiva de deixar marcas de valor em outras almas.

O não reconhecimento, o desprezo, a não valorização, já não faz parte de minha carga pessoal, porque a minha parte sempre será feita com o meu melhor, com a minha consciência e mais que tudo; com minha ALMA. Se não me fizer entender é outra história e problema de quem não entendeu e não meu.

Ah... É bom demais beijar assim com plena consciência, porque no mais íntimo de tudo uma coisa é certa: antes de beijar o outro, eu antes Beijei a minha essência, a minha honestidade para comigo mesma e hoje isso prá mim é o ponto de partida e é o tudo.

PAX E LUX.

MARCIA CAMBA

Um comentário:

Elpidio disse...

muito, muito legal.

gostei de saber

"HOUVE UM DIA EM QUE ACREDITEI EM PALAVRAS" - FRANCISCO DE ASSIS